Envolveu-o no seu manto de veludo
Tão suave e apaixonante
Privou-o do resto do mundo,
Todo ele um desassossego...
São mortais seus toques
Embebidos de falsidade.
São letais seus sussurros
Que distorcem a realidade.
Toda ela é impiedosa,
Cheia de maldade;
Todo ele foi crente
Em tudo o que ela disse ser verdade.
Deste um sonho a um homem
Que nunca tirou os pés do chão -
Alimentaste a sua fantasia,
Começando por um simples dar de mão.
Penetraste o seu sono,
Perturbaste a sua tranquilidade,
Tiraste-lhe o seu trono,
As suas horas de irrealista verdade.
Fizeste-te de Deusa,
Moldaste-o à tua figura,
Obrigaste e forçaste o ser
Abriste uma ferida sem cura.
E assim que o sangue escorreu,
Enquanto a ferida infectava,
Não quiseste mais esse teu homem
Esse que tu fizeste e que não te agradava.
Limpaste as tuas mãos desse crime,
Um crime de paixão, disseste tu.
Não gostaste do que criaste
Não viste o teu reflexo no seu corpo nu.
Essa pessoa foi expulsa do Paraíso,
Desse Paraíso falsamente prometido.
Esse homem deixou a sua verdade,
E ficou demasiado sentido.
O seu eu tinha sido apagado,
Escorraçado e mudado.
O seu ele, por assim dizer,
Jamais será reencontrado.
Sempre refugiado nos seus sonhos,
Que nunca mais ninguém lhos roubou,
O mundo desabou, caiu e suplantou-o.
E isto foi causado pela única mulher que o amou.
"There's someone in my head, but it's not me"
Pink Floyd - Brain Damage