É uma mera existência
E à sua volta voam moscas,
Deliciadas com a podridão de um ser
Que já não o é.
Vê o mundo girar
Sem contar os dias,
Ou as horas,
Ou os minutos.
Canta letras tristes que o alegram
Porque não há música mais triste que a sua.
Nem tem quem o oiça cantar,
Nem tem quem aprecie a sua melodia...
E às vezes quer berrá-las,
Quer que o oiçam,
Precisa que o oiçam.
Ainda assim, sorri com pouco,
E as coisas pequenas deixam-no menos mal...
E, de entre toda a solidão,
De entre todo o silêncio,
Há esperança, há sempre mais um esgar de felicidade
Ainda que mal disfarçada pela exaustão
De uma espera que se arrasta,
Num tempo que parece não se gastar.
Como uma ampulheta sem nexo,
Que vai sendo virada a tempo marcado,
Sem deixar que o último grão de areia,
A última marca desse tempo que não passa,
Caia para que se misture
Deixando-o tão só e tão perdido no tempo
Quanto ele próprio.
Vagueia, sem rumo,
À procura de um lugar à sombra,
Onde possa apreciar o seu silêncio
- a única coisa fiel que lhe resta.
Acende mais um cigarro e deixa-se intoxicar...
Perde-se numa nuvem de fumo
E ninguém mais o vê,
Como sempre.

Cinco Sentidos

Cinco sentidos são pouco,
Não chegam para te amar.
Nenhum deles é verdadeiro,
Nenhum deles é de fiar.

Dilatam-se as pupilas
Sempre que te vejo,
Disparas-me o coração,
Aumentas-me o desejo.

Sei de cor o teu cheiro,
É para mim o mais intenso,
Respiro-o e deixo-me envolver,
Como se fosse incenso.

A tua voz, calma e melodiosa,
Tal e qual uma canção,
Aquece o peito e reconforta,
Traz-me inspiração.

Se toco a tua pele,
Sou eu quem se arrepia.
E o toque aproxima-nos,
Em enorme ousadia.

Sinto o teu sabor
Caso as nossas bocas se juntem,
Caso os nossos lábios se envolvam,
Caso as nossas almas se beijem.

Cinco sentidos são pouco,
Não chegam para te amar,
Tu és o meu sexto sentido,
E és tudo o que me faz sonhar.

the sight of her

Algo no meu peito dispara quando te vejo
E tudo faz mais sentido
Quando me entorpeço no teu beijo
Sinto-me solto, tão livre que fico perdido.

Quando te olho e confronto
Com o confronto que me suja a alma,
Sinto-te num abraço
E tudo se acalma.

E quando estamos sós no silêncio ouve-se um pulsar,
Batidas fortes cortadas por arritmia,
E é como se todo o tempo não chegasse para te amar
Da maneira que o infinito permitiria.

Mas para sempre é muito tempo
E tu quiseste ir embora...
O coração já se nota mais lento...
Qual é o caminho agora?

Senhores do céu

Por quanto tempo mais
Vou eu ficar sem saber
Se o sorriso nos teus olhos
Se desvaneceu, se perdeu, se esqueceu.
Que morra já aqui se não mereço mais
O que a tua boca prometeu.
Eu! que mudei o céu da noite
E o pus a brilhar para ti,
Eu! que pintei as estrelas,
Eu, que te ofereci um mundo assim.

E na tua resposta,
Com a força que tens,
Tu, que levantas o Sol
E nos ofereces a luz do dia,
Mandaste o vento sussurrar-me ao ouvido:
"És tudo o que eu queria"

Amizade

Hoje perdi uma parte muito importante de mim. Hoje perdi uma amiga, um apoio e algo que eu estimava acima de tudo. Magoa-me muito, mesmo muito que tudo acabe assim.

A amizade é como um café... Depois de frio não se pode aquecer sem se perder parte do sabor inicial.

Rio de Raiva

Esta canção não é para ti
De nada ia servir tentar
Tu não ias querer ouvir
E eu não ia querer falar

Sei que a raiva tem razões pra existir
Nem Deus sabe o ódio que eu de ti guardei
Só que eu não matei ninguém
E tu mataste alguém que eu sei

Não tens nojo de te olhar pela manhã
E ver no espelho o reflexo do rancor?
Julgo haver mais ódio em mim
Do que em ti haverá amor

Pelo homem que eu te vi quebrar no chão
Pelos homens que o chão conta e que eu não vi
O teu rio vai lavar-te as mãos
Mas essa pedra vai virar-se contra ti...

Ornatos Violeta - Rio de Raiva

Fodasse...

falhou... de novo.

not enough, not strong enough