quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quem faliventava era o Mia Couto!


Não sei que raio se passa com as pessoas. O português é para se falar bem falado, não é para se arranhar como se fossemos oriundos da Ucrânia e estivéssemos em Portugal há cerca de três meses. ISTO em pessoas com 35 anos, nascidas e criadas em terra bem portuguesa, que há pouco mais de 40 anos era constituída de pomares e descampados e em que uma família dividia uma sardinha.

E, se cometo o desprezível acto de corrigir alguém, essa pessoa ainda me diz: "Olha, agora só porque é das Letras tem a mania que sabe falar!"

E eu, que respondo quando é posto este pseudo-trunfo na mesa?!

"Não preciso de ser DE* Letras para ter a inteligência necessária para não enfiar pontapés na nossa língua"

E o pior está para vir: O Acordo Ortográfico. Quando finalmente estiver completamente estabelecido, estas pessoas que eu ando a corrigir vão ser mais inteligentes que eu. E depois vão-me perguntar: "Sabes como se escreve "acção"?", e eu, fiel escritor do resultado de mutações ao radical latino com muita intervenção árabe pelo meio, responderei que é com um -c antes do -ç... E essas pessoas que eu corrigi em tempos dir-me-ão: "ahah, que burro! É ação que se escreve, não acção. E és tu das* Letras!". Em pouco tempo (entre 1 a 2 anos, vou ser mais burro que a população semi-analfabeta que me rodeia. E isto preocupa-me.

*enfatize-se o "de", só naquela de perceberem que alguém é DE letras e não DAS letras. Ups, eu e a minha estúpida mania de não destruir uma das línguas mais bonitas do Mundo.

* e este segundo asterisco é a visão positiva: Vou continuar a corrigir essas pessoas, mesmo escrevendo acção à boa maneira antiga e sendo considerado burro por isso, vou saber dizer, inchado, convencido e resplandecendo em glória, que alguém é DE Letras e não DAS Letras.

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